Contrariando expectativas, os municípios do interior do Amazonas têm apresentado desempenho melhor que a capital na condução da pandemia. Mesmo contando apenas com a saúde básica, as 61 cidades do interior respondem juntas por menos da metade de todos os óbitos por Covid-19 registrados no Estado, com uma taxa de letalidade quase três vezes menor que a de Manaus atualmente.
A análise é do deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD), que relacionou os resultados aos erros de gestão do Governo Estadual e ao cenário caótico deixado pela administração passada da prefeitura de Manaus. Segundo o relatório de transição de governo, o ex-prefeito Arthur Neto (PSDB) deixou o setor de saúde em situação “crítica”, com estoques zerados de medicamentos e recursos financeiros “totalmente consumidos.”
“Havia uma expectativa de que o interior do Estado tivesse um desastre muito maior do que o que aconteceu em Manaus. Mas se comprovou que os municípios tiveram performance melhor, mesmo com tantas deficiências. Enquanto Manaus, que tem a gestão hospitalar do Governo do Estado e a baixa complexidade da Prefeitura, não conseguiu e bateu todos os recordes de mortalidade”, observa o parlamentar.
Para Ricardo Nicolau, não podem ficar impunes os responsáveis pelas ações que transformaram a capital amazonense na campeã mundial de mortes por Covid-19. “Não dá para Manaus ficar com índices absurdamente altos sem que haja a devida explicação, porque foram muitas vidas perdidas”, afirma o deputado, em referência aos 9 mil óbitos do total de 13 mil já registrados.
Outro indicador que evidencia a vantagem do interior no enfrentamento da pandemia é a taxa de letalidade, que mede a porcentagem de pessoas infectadas por Covid-19 que evoluem para óbito. De acordo com os últimos boletins epidemiológicos divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), a letalidade nos municípios está em 1,92%, enquanto Manaus chega a 5,03%. A média geral do Amazonas é de 3,35%.
Relatório comprova situação caótica
O relatório da Comissão de Transição da Gestão do Município comprovou o “cenário de caos” relatado recentemente pelo Ministério da Saúde sobre a segunda onda em Manaus, a partir de dezembro de 2020. O documento aponta uma série de falhas da gestão de Arthur Neto, incluindo a falta de medicamentos e produtos hospitalares em pleno pico da doença e o total esgotamento do dinheiro destinado a combater a Covid-19.
“Os recursos destinados para Covid-19 foram totalmente consumidos, sem um lastro para continuidade para ações”, diz uma parte do documento. “Há um problema crítico, que é o baixo estoque de medicamentos e de produtos para saúde, inclusive EPIs, e ausência de um plano operativo e financeiro para vacinação”, aponta outro trecho.
Ex-prefeito na CPI
Na semana passada, Ricardo Nicolau defendeu a convocação do ex-prefeito de Manaus pela CPI da Pandemia, no Senado Federal, para dar explicações sobre uma gama de contratos milionários com suspeitas de corrupção. “O Arthur, em vez de ter cuidado das pessoas, achou na pandemia uma maneira de se beneficiar. Ele tem muito a esclarecer: a omissão, a negligência, a corrupção e o que ele fez para a segunda onda”, disse.
Entre os contratos de Arthur com indícios dos crimes de sobrepreço e superfaturamento estão R$ 3 milhões com limpeza hospitalar; R$ 3 milhões em Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); R$ 850 mil para compra de azitromicina; R$ 500 mil com esterilização de materiais hospitalares; e lavanderia com R$ 11 pelo quilo da roupa suja, valor três vezes maior que o praticado no mercado.
Assessoria de Comunicação do Deputado Ricardo Nicolau
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