24/06/19 14h01
Formatos mais enxutos têm atraído empresários receosos com os rumos da economia; cidades menores se transformam em regiões propícias para implantação do modelo menos custoso
DCI
Diante de um cenário macroeconômico ainda nebuloso, o segmento de microfranquias tem conquistado espaço entre os empreendedores que dispõem de pouco capital para investimento inicial e empresários em busca de versatilidade no modelo de negócio.
“O investimento em modelos de microfranquias torna-se uma boa saída para incluir pessoas ao mercado formal, uma vez que ainda estamos vivendo os efeitos da crise econômica. Tenho a percepção de que esse formato de negócio mais enxuto tem se encaixado bem em mercados como o de beleza e bem-estar, comunicação e informática, e educacional”, argumentou a diretora de microfranquias da Associação Brasileira de Franquias (ABF), Adriana Auriemo.
Segundo o último balanço sobre desemprego no País realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação atingiu 12,5% em abril – o equivalente a 13,2 milhões de pessoas.
De acordo com Adriana, a popularização desse formato tem feito com que redes de franquias “tenham maior capilaridade em cidades do interior do Brasil, uma vez que o tamanho das operações é compatível com a demanda local”. Segundo um estudo realizado pela entidade, entre 2017 e 2018, o crescimento do formato de microfranquia registrou incremento de 8%, saltando de 545 para 589 redes com esse modelo.
Um dos exemplos de rede de franquia que adotou formatos mais enxutos para diversificar os locais de atuação é a Mr. Fit – voltada para o segmento de alimentação saudável. “A partir de R$ 12 mil o franqueado recebe treinamento e um freezer para a instalação em lugares como salões de beleza, academias de ginástica, clínicas estéticas e hospitais”, argumentou a CEO da rede Mr.Fit Camila Miglhorini.
Segundo a executiva, cerca de 50% do faturamento da rede – R$ 64 milhões em 2018 – provém de delivery. “Acredito que dentro de dois anos as entregas devem superar o volume de vendas das unidades de salão. O empreendedor pode começar o negócio na própria casa e ir dosando possíveis investimentos futuros de acordo com a demanda”, disse, ressaltando que no formato micro não há multa caso o franqueado queira realizar o distrato.
Na mesma linha, o diretor da rede de franquias Laundromat, Nicolas Lopez, comenta que tem observado muitos empreendedores em busca de complementação de renda com os modelos de microfranquia. “Nosso formato express tem 12m² e tem atraído a maioria de nossos franqueados pelo fato de não exigir funcionários na unidade, considerando que a operação é toda automatizada. Além disso, o empresário não precisa ficar full time na franquia”, complementou Lopez, destacando que muitos dos empreendedores passaram a administrar mais de três unidades express ao mesmo tempo.
Segundo ele, o faturamento da rede no ano passado foi de R$ 35 milhões. Para 2019, o executivo pretende alcançar receita de R$ 45 milhões – “puxada principalmente pelo aumento de franqueados no formato mais compacto”.
Já a CEO da rede The Kids Club – que atua no segmento de educação – Sylvia de Moraes Barros ressalta que vê o formato mais enxuto como ferramenta de expansão para regiões mais longínquas no Brasil. “As cidades menores passaram a ser interessantes pelo fato de apresentarem concorrência menor e custo menor como por exemplo Linhares, no Espírito Santo”, afirmou a executiva. Atualmente, a rede dispõe de formatos que variam entre R$ 23 mil e R$ 60 mil. Segundo ela, o faturamento de 2018 do negócio foi de R$ 20 milhões.