07/05/19 12h15
Evento internacional foi realizado pela primeira vez no Brasil, na capital paulista, com participação da Fapesp
Governo do Estado de São Paulo
Organizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a 8ª Reunião Anual do Global Research Council (GRC) reuniu chefes de agências de fomento de 50 países dos cincos continentes no início deste mês, na capital paulista. É a primeira vez que o encontro ocorreu no Brasil.
O evento também contou com a organização do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina, e da German Research Foundation (DFG). Para dar respostas às expectativas sobre a evolução de pesquisas, as agências de financiamento participantes propuseram duas abordagens.
A primeira seria introduzir o impacto social e econômico como critério na avaliação de projetos de estudos. E a segunda, melhorar a avaliação e a demonstração dos resultados das pesquisas já apoiadas. “Embora ambas as abordagens sejam complementares, as justificativas para adotá-las são diferentes”, disse Peter Strohschneider, presidente da DFG, à Agência Fapesp.
De acordo com o gestor, as duas abordagens podem aumentar a conscientização sobre a contribuição da pesquisa para a sociedade e para a economia e, com isso, fortalecer os argumentos usados pelas agências de fomento à pesquisa participantes do GRC para justificar a aplicação de recursos públicos nos projetos apoiados.
Expectativas
Segundo especialistas, o aumento das expectativas de diversos setores da sociedade em relação ao impacto social e econômico das pesquisas financiadas com recursos públicos não é um fenômeno novo. “É preciso considerar tanto os retornos sociais e econômicos como a virtude da pesquisa orientada pela curiosidade, voltada a ampliar as fronteiras do conhecimento, como elementos essenciais para fomentar o desenvolvimento de ecossistemas nacionais vibrantes de pesquisa”, acrescenta.
Para o presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, a avaliação e a demonstração do impacto social e econômico da pesquisa como critérios de financiamento representam questões controversas, sobre as quais não se pode esperar um total acordo, mas há pontos de concordância.
Um deles é a necessidade de responder positivamente à crescente demanda de demonstrar que as pesquisas apoiadas pelas agências de fomento trazem benefícios para a sociedade, especialmente porque são financiadas com recursos públicos.
“A maneira que cada agência de financiamento atende a essa regra varia. Mas, no final, os impactos sociais, econômicos e regionais sempre influenciarão o perfil de pesquisa apoiada pela agência”, avalia o presidente da Fapesp.
Análises
Os Estados Unidos levam em consideração a amplitude do impacto em um projeto de pesquisa a ser financiado. Desde 1997, a National Science Foundation (NSF) usa apenas dois critérios para o financiamento de projetos de pesquisa: mérito intelectual (o potencial para avançar o conhecimento) e impactos mais amplos (o potencial para beneficiar a sociedade).
De acordo com France Córdova, diretora da NSF, a cada ano a instituição recebe cerca de 50 mil propostas de financiamento. “Há muito mais propostas excelentes do que fundos para apoiá-las. Só no ano passado, não conseguimos financiar cerca de US$ 4 bilhões em pesquisas excelentes. Esse valor representa o montante de fundos solicitados por propostas que foram recusadas, apesar de terem classificações muito boas ou superiores”, salienta.
Segundo a NSF, os impactos sociais e econômicos podem envolver o alcance educacional, seja formal ou informal, assim como pesquisas de risco. Esse critério leva muitas vezes a formação de parcerias com a indústria, outras agências e patrocinadores internacionais para aumentar a capacidade e alavancar recursos.
Na avaliação de Mark Ferguson, diretor-geral da Science Foundation Ireland (SFI), o importante é assegurar que as agências estão escolhendo as pesquisas de forma sábia. “Há a interdisciplinaridade e é preciso assegurar e incentivar o engajamento entre as pessoas. Porém, é importante saber que não há um modelo único. Não é possível financiar pesquisas disruptivas a partir de uma chamada convencional”, diz.